domingo, 22 de abril de 2012

O homem sem ideologia

O homem sem ideologia caminha cada vez mais devagar. Sem o manto de ferro e de intolerância, qualquer vento o faz ranger os dentes. No deserto das cidades é enxovalhado e cuspido por tudo e por todos. Não reonhece nem a si mesmo no reflexo do rio. Seu reflexo ainda está envolto naquela manta confortável e cheia de sangue. A manta da liberdade, da igualdade, da eternidade.
Mesmo tremendo de frio, o homem sem ideologia caminha ereto e sem peso nas costas. Seu único motivo de alegria são os cuspes e enxovalhamentos das pessoas cobertas pelas mantas. Elas lhe dão a direção a seguir, o caminho correto.