domingo, 27 de setembro de 2009

Desabafos de uma mente exausta…

Cansei! Estou exausto. Meus dedos, joelhos, cotovelos e tornozelos doem. Meu nervo ciático do lado esquerdo vive latejando e recebi uma pancada no lado direito das costas ontem… Mas esse é o tipo de cansaço que eu postaria num blog pessoal.

CANSEI DESSE MUNDO IMBECIL!
[…]
Cansei de jogar o lixo na lixeira e separar toda a porcaria para a reciclagem;
Cansei de ser gentil e tentar não magoar os outros mostrando que eles são estúpidos;
Cansei de não comer cadáveres de animais fritos, assados, cozidos, defumados, etc;
Cansei de ceder o banco do ônibus pra idosos, grávidas, deficientes e pessoas com crianças de colo;
Cansei sorrir após ser ofendido e dizer/pensar "eu não me ofendo com nada";
Cansei de dar $10 de esmola e não receber um maldito obrigado;
Cansei de não ser machista quando na verdade as mulheres querem mais é levar tapa na cara e passar o dia cozinhando e limpando a casa;
Cansei de odiar os racistas, pois está tudo perdido! Todos são racistas, inclusive as vítimas de injúria racial;
Cansei de odiar a homofobia. No mesmo instante estão todos se ofendendo com viados, bichas, sapatões;
Cansei de ser o motorista da rodada;
Cansei de cuidar de minha saúde;
Cansei de não matar as baratas, aranhas e ratos que invandem meus pacotes de bolacha;
Cansei de dizer por favor, com licença, obrigado e desculpe;
Cansei de ouvir as pessoas reclamando da vida e dizendo que não vai dar certo ou que não vou conseguir;
Cansei de vê-los tentar viver minha vida;
Cansei de vê-los me subestimando, me julgando por minha aparência rude;
Cansei de ter que fingir concordar com eles só pra calarem a maldita boca;
Cansei de ser tolerante;
Cansei de ser paciente;
Cansei de me comportar como querem que me comporte só pra vê-los quietos;
Cansei de não ter voz nas decisões;
Cansei de ser desrespeitado;
Cansei de tentar fazer do mundo um lugar melhor.
[…]
Cansei desse mundo imbecil… mas ainda não desisti dele… ainda não.
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Giuliano Marley

Idade Média - reloaded




Será que eles vendem pedaços da cruz de Jesus?
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Fabiano Che

sábado, 19 de setembro de 2009

O homem e sua pá

Há muito tempo, sua pá era sua única companhia. Seu trabalho era árduo, mas muito simples. Só tinha que colocar a areia, que caía da esteira, novamente na esteira. Não tinha que resolver problemas nem se preocupar com mais nada. Era só a pá, ele e Deus (ou pelo menos, ele e a pá).
E assim seguiam os dias. O ontem era igual ao hoje e o amanhã não seria diferente. Afinal, quem precisa de novidades? Nada de aborrecimentos, choros ou risos. Raramente alguém passava por seu local de trabalho. E mais raramente ainda, queriam saber o que ele achava das coisas.
Num desses dias incomuns, um sujeito estranho lhe perguntou o que sabia sobre a economia do país. Ao ver a indagação nos seus olhos, o cara estranho perguntou sobre a política de seu estado. Novamente a resposta foi uma tremenda expressão de dúvida. Depois sobre as novidades da cidade, religião, e por último sobre a empresa que trabalhava. Como a resposta era sempre a mesma, o estranho cansou e foi-se embora.
Que sujeito idiota, pensou o homem. Como ele poderia imaginar que eu saberia todas aquelas coisas? Se a única coisa que faço é trabalhar com essa maldita pá, dia e noite!?
E, ao dizer isso, tomado por súbito esclarecimento, o homem jogou a pá para longe de si e foi conhecer o mundo.
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Fabiano Che