sexta-feira, 20 de março de 2009

A Dança

Estava chegando o dia do baile das crianças da 4ª série e todos da classe estavam procurando por um par.
Enquanto isso, no recreio, uma menina caucasiana da turma está sentada num banco, cabisbaixa. Seu colega, um menino afro-descendente, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com um preto como você. — responde ela.
A caucasiana sai e o afro-descendente fica sentado, cabisbaixo. Sua colega, uma menina acima do peso, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ela pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma balofa como você. — responde ele.
O afro-descendente sai e a “gordinha” fica sentada, cabisbaixa. Seu colega, um menino de óculos, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com um nerd quatro-olhos como você. — responde ela.
A “gordinha” sai e o garoto de óculos fica sentado, cabisbaixo. Sua colega, uma garota de grande estatura, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ela pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma girafa como você. — responde ele.
O garoto de óculos sai e a garota alta fica sentada, cabisbaixa. Seu colega, um menino efeminado, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma bicha como você. — responde ela.
A garota alta sai e o menino efeminado fica sentado, cabisbaixo. Sua colega, uma menina iraquiana do intercâmbio, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ela pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma garota-bomba como você. — responde ele.
O menino efeminado sai e a iraquiana fica sentada, cabisbaixa. Seu colega, um garoto de um braço só, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com um aleijado como você. — responde ela.
A iraquiana sai e o menino deficiente físico fica sentado, cabisbaixo. Sua colega, uma menina humilde, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ela pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma favelada como você. — responde ele.
O garoto deficiente sai e a garota socialmente desfavorecida fica sentada, cabisbaixa. Seu colega, o menino mais novo da turma, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ele pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com um pivete como você. — responde ela.
A garota pobre sai e o menino mais novo fica sentado, cabisbaixo. Sua colega, uma menina caucasiana, se aproxima e lhe convida pro baile.
— Quer ir ao baile comigo? — ela pergunta.
— Não! Eu nunca iria ao baile com uma branquela de merda como você. — responde ele.
O jovem garoto sai e a caucasiana fica sentada, cabisbaixa.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Enricar, pra quê?

Se eu tivesse um emprego na qual percebesse pelo menos R$ 5 mil mensais, tivesse uma Toyota Hilux do ano, possuísse uma fazenda com vários alqueires pra passar as férias, deveria eu estar contente?
Se eu vivesse numa mansão rodeado de pessoas que me chamassem de amigo, usasse as roupas mais caras e viajasse pra tudo que é lugar, deveria eu estar feliz?
Creio que não necessariamente.
Hoje sou apenas um trabalhador braçal, que carrega caixas pesadas, força a coluna, toma sol na cara e ganha uma miséria. Eu poderia “ralar” muito e conseguir tudo que foi citado nos dois primeiros parágrafos, mas, sinceramente, ficaria desapontado se minha vida fosse SÓ isso.
“Por quê?”, talvez tu me questiones. “E daí?”, eu retorquiria.
Tantas são as coisas verdadeiramente importantes na vida. Coisas essas que são tão mais simples de se fazer, porém muito mais difíceis de se querer fazer.
Por exemplo: expor, num blog, reflexões filosóficas e idéias que poderiam mudar o mundo (wow!); escrever um best-seller na qual Stephen King adorasse; alimentar os famintos do mundo; abrigar animais abandonados; plantar árvores; despoluir rios; inspirar uma criança; ser lembrado…
Não sei você, mas eu estou trabalhando e me esforçando bastante pra poder ganhar muito dinheiro na vida, sim. Entretanto, saiba que nunca vou dar R$ 2 mil numa calça nem erguer uma estátua de ouro maciço representando-me. Tentarei, incansavelmente e de várias maneiras, mudar o mundo, a vida e a forma de pensar das pessoas (tornando-as capaz de pensarem por si mesmas). Ainda há uma porção de grandes a serem conquistadas.

terça-feira, 17 de março de 2009

Paciência

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados… Muita gente iria gastar boa parte do salário com essa mercadoria tão rara hoje em dia. Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais', e o bem comportado executivo… 'O cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar! Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'. Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela. Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado… Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o titulo, dizendo que era longo demais. Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus. A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta. Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' — onde ele quer chegar? Qual e a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta. E você? Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai agüentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você ama vão parar? Será que você conseguiu ler até aqui? Respire… Acalme-se… O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro, com ou sem a sua paciência… NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL… SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA…
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Arnaldo Jabor

domingo, 15 de março de 2009

Morte aos Eloqüentes!

Atenção, senhores eloqüentes e pessoas suasórias. Olhem pros dois lados antes de atravessarem a rua. Não entrem em becos escuros sozinhos. Peça pra que alguém ligue seu carro antes de sair e prove sua comida antes de comê-la. Eles estão caçando vocês.
Sinto muito, não sei o porquê. Vocês têm uma facilidade tão grande de se exprimirem. Dominam a arte de comover, persuadir, pelas palavras. Vocês estão sempre um passo à frente dos demais e redargúem em todas as discussões.
Vocês estão para as “pessoas normais” assim como um arranha-céu está para um acrofóbico. E, para eles, não há solução mais eficaz que rechear seus alicerces com explosivos e detonar. Se suas bases não forem adamantinas, se elas não conseguem sobreviver a um boicote social, certamente esse grande edifício ruirá como o WTC.
O que EU faço hoje em dia, depois de tomar tantos headshots, é agarrar, em determinadas ocasiões, a oportunidade de ficar calado. Quando finalmente percebo o quão grande é a montanha que separa meu interlocutor do conhecimento, meço minhas palavras.
Deparando-me com um Monte Everest, que não é difícil de ser encontrado, chego ao máximo a um “É, tens razão”.

Faz sentido?

Qual o sentido da vida? Essa pergunta, apesar de sobejamente repisada, te faz parar e perguntar qual o sentido da vida. As pessoas nascem, crescem, estudam (algumas nem isso) para quê? Ter um trabalho que geralmente odeiam para comprar coisas que viviam perfeitamente bem sem e que morreriam se não tivessem. Só isso. Se parecem com aquele joguinho de brick game (há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante…) em que a minhoquinha vai aumentando de tamanho à medida que come os pontinhos, e uma hora ou outra se choca com seu próprio corpo por estar grande demais. Claro que algumas pessoas dizem que se realizam torrando seu dinheiro em inutilidades como bolsas de couro ou potes de mel, mas elas são loucas. Quem precisa de potes de mel?
Outro modo de dar sentido à sua existência é se escondendo por trás de uma ideologia de alguma instituição, que muitas vezes aceitam sem questionar ou entender simplesmente por preguiça mental.
— Legal essa camisa da Coca-Cola.
— Seu porco capitalista, eu vou comprar essa que tem a foto do Che Guevara, sou comunista agora.
Não tem sentido algum fazer nenhuma dessas coisas, mas a vida realmente tem sentido? Espero que não. Às vezes faz sentido fazer algo sem sentido. Ou não.

Ser Pedante é…

Caros colegas, a execução deste projeto nos obriga à análise das nossas opções de desenvolvimento futuro. Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados cumpre um papel essencial na formulação das nossas metas financeiras e administrativas.
Não podemos esquecer que a atual estrutura de organização auxilia a preparação e a estruturação das atitudes e das atribuições da diretoria.
Do mesmo modo, o novo modelo estrutural aqui preconizado contribui para a correta determinação das novas proposições.
A prática mostra que o desenvolvimento de formas distintas de atuação assume importantes posições na definição das opções básicas para o sucesso do programa.
Nunca é demais insistir que a constante divulgação das informações facilita a definição do nosso sistema de formação de quadros.
A experiência mostra que a consolidação das estruturas prejudica a percepção da importância das condições apropriadas para os negócios.
É fundamental ressaltar que a análise dos diversos resultados oferece uma boa oportunidade de verificação dos índices pretendidos.
O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o início do programa de formação de atitudes acarreta um processo de reformulação das formas de ação.
Assim mesmo, a expansão de nossa atividade exige precisão e definição dos conceitos de participação geral.
…falar coisas na qual ninguém terá a mais remota idéia do que você disse, mas, se isto for verdadeiramente importante, ninguém estará disposto a reconhecer.

domingo, 8 de março de 2009

Feminista, eu?

É excessivamente clichê escrever sobre A Mulher exatamente no dia Delas, mas aquele que nunca foi clichê que atire a primeira pedra. A bíblia diz que Deus fez o homem e, depois, de sua costela, ele criou a primeira Mulher. Já a ciência prega que nos primeiros três meses de gestação somos todos meninas (nooooossa!) e depois alguns [des]privilegiados recebem uma enxurrada de testosterona. Mas não importa quem está com a razão (Não importa??), o que interessa mencionar aqui é a iminente superioridade desses seres femininos e delicados. Superioridade? Como? Onde? Por quê?
É uma questão de evolução. No tempo das cavernas (tempo das cavernas, que pedante), os homens eram fisicamente superiores às damas e utilizavam disso para subjugá-las, então a Mulher precisava de algo para fazer frente aos machos, e desenvolveram sua intuição, sensibilidade e, por que não, a razão.
Só que, como, infelizmente, a força ainda é o fator dominante da nossa sociedade, o homem ainda domina o mundo. E, através da alienação, ele coisifica a si mesmo. A Mulher é vista como um objeto, Ela se torna A esposa, A dona de casa, A mãe, A prostituta. E até como eu estou fazendo agora (oh, não, eu sou um monstro!). Ela é A mulher e não um ser humano.
O que quero dizer aqui é que devemos (nossa, tô parecendo o Giuliano) deixar de ser egoístas e pensar mais em nós mesmos… Não, não é isso… Sei lá viva As Mulheres!
P.S.: Um texto interessante sobre diferenciação de sexo pode ser encontrado aqui.

sábado, 7 de março de 2009

Religiões e Bicicletas Ictíicas

Pra que serve uma religião, afinal? Acho que pra nada.
Há quem diga que serve para confortar. As pessoas, de uma maneira geral, aspiram ao conforto veementemente. Elas são educadas de tal maneira que acabam desenvolvendo uma “desconfortofobia”. (Talvez seja por isso que há tantos sedentários.)
A partir do momento em que vêem o quão podre está o mundo que lhes rodeia, elas se fecham, negam a realidade, criando seus próprios mundinhos na qual “chove cerveja e bolinhos”.
Há ainda quem diga que serve para alienar, que serve para impor certas restrições e exigir ações sem propósito. Realmente, não faz muito sentido privar-se do sexo ou de suas próprias opiniões. Nem faz sentido ajoelhar-se diante de uma peça de gesso, muito menos decapitar uma galinha.
Eu digo que, ainda hoje, insistem em querer mudar toda uma história de vida baseando-se em argumentos não-fundamentados e pouco convincentes. Digo também que teimam em ditar as regras de uma vida que está se desenvolvendo, sem lhe perguntar se é isso que quer, nem ao menos lhe outorgando o direito de escolha.
Sendo assim, o Homem precisa tanto de uma religião quanto os peixes precisam de bicicletas.
“Eu não sou um cara mau! Eu trabalho duro e amo meus filhos. Então por que eu deveria desperdiçar meio domingo ouvindo sobre como eu vou para o inferno?” (Homer Simpson)

domingo, 1 de março de 2009

A promessa

"Bem aventurados são os pobres, pois eles têm um lugar guardado no Reino dos Céus."
Simples assim, você é humilhado, ofendido e roubado por toda sua vida e quando morre leva de brinde um incrível punhado de terra do paraíso. Mas um pequeno detalhe, se os pobres têm um lugar garantido no Céu, porque existem não-pobres? Eu lhes digo o porquê. É simples: os pobres não têm um lugar guardado no Reino dos Céus. Peraí, se os pobres não têm um lugar guardado no Reino dos Céus, qual o motivo de dizerem que os pobres têm um lugar guardado no Reino dos Céus? Unicamente para que se conformem, que tenham paciência e nada façam. A fim de que continuem sendo menos favorecidos.
É aí que a esperança, outrora heroína, se torna vilã. Em vez de tentar mudar suas vidas para melhor e questionar a causa de trabalhar tanto e ter tão pouco, elas (elas quem?) se resignam e aceitam sua "sina" em nome da esperança de uma vida melhor pós-vida.
Mas quem teria inventado tamanha mentira sobre os pobres terem um lugar reservado no Reino dos Céus quando elas não o tem (pelo menos eu acho)? Os não-pobres. Mas por que causa, motivo, razão ou circunstância fariam isso? Obviamente para continuarem não-pobres.
Como já deve ter ficado claro, a religião é uma arma poderosíssima para a alienação das massas (de pão?), mas ela não é a vilã, é somente a arma. Assim como uma faca, que pode ser usada tanto para cortar o queijo ou para esfaquear o mendigo (eu pessoalmente prefiro cortar o queijo com meus próprios dentes). Concluindo, eu cito uma frase bíblica: "Bem aventurados são aqueles que lêem o Atestado Pedante, esses sim têm um lugar reservado no Reino dos Céus".