sábado, 18 de julho de 2009

Alma de Ouro-de-tolo

Nós vivemos pela lei: Preocupe-se somente consigo, só se preocupe com seu bem-estar e se esforce bastante que um dia você chega lá.
É assim que tem que ser mesmo, pois desse modo separa-se o competente do incapaz, ou melhor, o joio do trigo. Se você conseguiu entrar em uma das melhores faculdades e outro cara não, é porque você se esforçou e logicamente é mais inteligente/capaz/competente que ele. O fato de você ter estudado em uma superescola particular caríssima e o outro cara ter sido instruído por professores despreparados e desmotivados na mais pública das escolas é apenas um detalhe sem importância.
Talvez nesse ponto do texto você esteja pensando: — Que cara estúpido! Isso é desculpa de perdedor! Eu estudei minha vida toda em escola pública e consegui entrar em uma excelente faculdade‼ Além disso, sua barba é horrível!
Eu digo em alto e bom som: Você é exceção. Você pode até dizer que conhece gente sem grana que conseguiu “vencer na vida”, mas eu conheço muito mais pessoas que mal têm o que comer. Saia na rua e veja se estou mentindo.
Voltando ao foco original de nossa discussão (nossa?), tudo estaria bem para você, terminou a facul, tem um belo emprego, muito dinheiro, um lindo carro, enfim chegou lá. Só tem um “pequeno” problema, não é nem o fato de ter se tornado completamente indiferente às mazelas de indivíduos da sua mesma espécie. A questão aqui é, o outro cara (lembra dele?) não passou em faculdade nenhuma, logo não tem emprego nem dinheiro, mas ele precisa comer, concorda? Então o cara pega uma arma, te pára no sinal, você reage — obviamente não ia deixar te tomarem o que conseguiu com tanto esforço —, toma um tiro e morre.
Vê onde quero chegar? Se o cara pudesse ter estudado em uma escola melhor, você ainda estaria vivo! Hoje os vencedores do jogo recebem todas as glórias, em contrapartida os “perdedores” são sumariamente excluídos. Só que é uma batalha injusta, enquanto uns conhecem as regras e têm as melhores cartas, a maioria nem sabe o que é um baralho.
P.S.: Minha barba não é horrível…
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Fabiano Che

domingo, 12 de julho de 2009

A Necrofilia da Arte

No quarto dia, do primeiro mês, do duo-milésimo nono ano do atual — e falível — calendário, o Atestado Pedante fora criado. E junto com sua criação estava o forte desejo de Giuliano Marley em escrever sobre a necrofilia da arte.

Na ocasião, esse escutara uma canção de mesmo nome da banda Pato Fu. Só que ele não satisfez esse seu desejo de aspirante a escritor. Carecia de fontes. As arrogantes e impacientes pessoas de mais idade não colaboraram com ele, deixando em suas mãos um texto simplesmente sem crédito, sem fontes confiáveis, como na Wikipédia. Preferiu não falar sobre as duras críticas que Raul Seixas e Renato Russo — por exemplo — recebiam antes de suas mortes e que, no entanto, se tornaram ídolos desses mesmos críticos, só porque os coitadinhos morreram.

Ele viu que essa música — que cita ainda John Lennon, Bob Marley e Elvis Presley — se tratava de algo realmente verdadeiro. As pessoas não estão nem aí para os artistas que expõem seus sublimes sentimentos. A menos, é claro, que esses estejam mortos.
Isso é mau, isso é mau!

Mas agora pude ver que as pessoas são mesmo loucas! Antes de seu falecimento, Michael Jackson era torturado, massacrado, humilhado por seu comportamento excêntrico e por sua aparência. Menciono ainda sua posição de réu num dos quase infalíveis tribunais do mundo, sob a acusação de pedofilia. Ele foi bombardeado… Seus ossos foram roídos pelos abutres julgadores, mesmo tendo sido inocentado. Não digo nem que “sim” nem que “não” quanto à sua culpa. Digo apenas que esses sujeitos que exploraram da sua caminhada sob brasas agora estão venerando-o. Agora ele é o rei do pop, o inesquecível, que tem seu nome bradado por hipócritas negadores da bondade humana.

Michael Jackson está em tudo agora. Absolutamente tudo! Creio que tenha sido assim com o demente chamado Raul, com o viado chamado Renato, com o maconheiro chamado Marley… E continuará assim para todo o sempre, toda essa hipocrisia, tanto na arte — musical, de acordo com a limitação do atual texto —, tanto na arte de uma maneira abrangente — onde quadros valem milhões apenas quando o pintor já padeceu —, tanto em quaisquer outras situações de nossas insignificantes e falíveis vidas.
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Giuliano Marley

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Livremente determinado

Alberto não acreditava muito em videntes, mas aquela cartomante chamou sua atenção. Resolveu entrar em sua tenda, rindo de si mesmo por isso, e se consultar com a estranha senhora. A mulher trajava um vestido azul envolto em mantos, o que lhe dava um ar misterioso e levemente cômico. A velha o convidou a se sentar em um banco torto e começou a brincar com seu baralho. Você realmente deseja saber o que lhe é destinado, meu jovem? Perguntou a cartomante, acho que sim, respondeu Alberto um pouco sem jeito. Então a velha dividiu seu baralho em dois, tirou cartas de um e de outro, as espalhou pela mesa e em um transe fajuto murmurou:
— Terás uma bela mulher e dois filhos saudáveis, mas sua vida lhe será ceifada pelo mar.
— Que loucura! Não pretendo me casar e muito menos ter filhos, e nado feito um peixe! — e, dizendo isso, Alberto se levantou e saiu sem pagar a cartomante.
Muitos anos se passaram e Alberto se esquecera das previsões da velha. Não muito surpreendentemente, ele se casou e embora decidisse ter apenas um filho, seu segundo rebento acabara de nascer. Nessa mesma época, foi convidado a fazer parte de uma expedição de navio para o Alasca, a fim de pesquisar os efeitos do aquecimento global nas geleiras. Só quando já estava em alto mar, Alberto se lembrou da cartomante e, com um leve desespero, pensou, será que aquela bruxa estava certa? Tenho uma esposa linda, dois filhos e… Não, é só coincidência, tem que ser coincidência. Nesse exato momento, uma explosão acorda a todos, um dos motores do navio estourou não se sabe como, e abriu um enorme buraco na fuselagem do barco. Ele iria afundar.
Alberto se desesperou e, lembrando-se da previsão da cartomante, disse para si mesmo, não vou morrer, eu tenho que escapar. E, depois de procurar bastante, encontrou um bote e, sem que ninguém notasse, o colocou em alto mar e saiu remando para longe dali. O que ele não percebeu é que uma lancha de resgate tinha acabado de chegar do outro lado do navio.
Depois de remar por várias horas sem rumo, Alberto estava exausto. Deitou-se no bote e pôs-se a meditar, acho que tudo isso foi em vão, fugir do seu destino é impossível. E, ao dizer isso, deixou seu corpo cair no mar e, sem mais lutar, aceitou seu “destino”. No entanto, se ele estivesse esperado mais cinco minutos, veria um navio cargueiro vindo em sua direção.
Não podemos mudar nosso destino ou estamos destinados a criá-lo?
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Fabiano Che

domingo, 5 de julho de 2009

A Fazenda

É suficientemente clichê falar do Big Brother.
A direção repudia clichês.
Logo resolvi usufruir de um estratagema para que essa regra suspensa no ar fosse burlada.
Falemos sobre o programa A Fazenda, então.
Pra você que não assistiu ainda, saiba — sortudo — que é a mesma merda. Não estou falando dos regulamentos nem do sistema televisivo empregado, mas de seus teventes. Eu também não assisti ativamente — amém! —, mas pude ver — como um fumante passivo — as mesmas coisas se repetindo. O mesmo câncer se espalhando pelas células já enfraquecidas.
Ficam todos embevecidos em frente à caixa, observando aquele mundo cheio de conflitos, onde há os “bons” e os “maus”, insultando os participantes como se esses pudessem ouvi-los. Fazem aquela mesma cara, boquiabertos, com babugem escorrendo por seus lábios. Quem olha de relance pode jurar que os vê dançar Thriller junto ao recém-falecido rei do pop.
Gastam todo o crédito do celular pré-pago tentando ferrar com a vida daquele maldito ignóbil, ou daquela estúpida galinha, ou daquela bicha, ou do diabo! Têm a chance de prejudicar todos aqueles representantes de uma determinada característica da qual repelem — queimem o preto, o velho, o crente, o comunista.
As cavalares doses de sedativo que lhes são dadas a cada programa impedem o despertar. Não adianta gritar, não adianta sacudi-los, nem fazer cócegas. Enquanto não pararem de injetar em suas próprias mentes o material que está nas seringas fornecidas diariamente, continuarão imersos num sono profundo, proporcionando-lhes, em longo prazo, uma ressaca tão divertida quanto o inferno.
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Giuliano Marley

sábado, 4 de julho de 2009

Top 100

Pessoal, o Atestado Pedante está no Top 100 Top BLOG. Obrigado a todos pelos votos e continuem votando.
P.S.: O Atestado Pedante foi idealizado única e exclusivamente para divulgar nossas idéias (ou falta de idéias), mas prêmios são legais \0/
P.S. 2: Continuem votando e obrigado mais uma vez.
P.S. 3: Ainda não votou? O que você está esperando, marujo?: http://www.topblog.com.br/busca_blogs.php?tags=1162778?41734de3d59307d9e7983a5bfc88c1f0.
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A Direção