sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Matizes

Todo mundo era cinza. Ela era dourada, parecia iluminar tudo que tocava. Ele era cinza. Um dia ele a encontrou e ficou encantado com sua cor e brilho. Ela parecia triste, e quando foi questionada de como alguém tão colorida poderia não ser a pessoa mais feliz do mundo, lhe respondeu: De que adianta poder falar, se ninguém consegue te ouvir? Pra que iluminar, se as pessoas cobrem seus olhos para protegê-los da luz?
Não compreendeu o que ela lhe dizia, mas ficava maravilhado só de estar do lado de alguém tão iluminante. Ainda não entendia o porquê de sua consternação. Ela queria ir embora, abandonar tudo, dizia estar cansada da violência que ninguém mais via, via milhões de fotografias e achava todas iguais.
Aos poucos, ele foi ficando dourado também. Só que ela já tinha ido embora. Quando se deu conta de sua nova cor, ficou tão feliz que nem se lembrou dela. Agora podia enxergar o que antes não podia nem imaginar. Ficou encantado e horrorizado com o que viu. Quando foi tentar contar pra alguém tudo que tinha visto, entendeu o motivo da tristeza que a acompanhava: Ninguém conseguia perceber o que ele via.
Em desespero, começou a procurar pela única pessoa que o compreendia. Só que ela não estava mais ali. Então, com lágrimas nos olhos, tomou uma difícil decisão: Voltaria a ser cinza. Tentou, tentou e tentou, mas infelizmente (ou será que felizmente?) não conseguiu.
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Fabiano Che

domingo, 23 de agosto de 2009

Is not brazilian moustache revolution


Não que eu seja a favor de atos secretos ou usar seu cargo para contratar parentes, mas o problema é que ele não é o único. E as pessoas se revoltam e dão um brado retumbante: Fora Sarney!!
À primeira vista é ótimo, não? O brasileiro, finalmente, acordou e disse: chega de corrupção, injustiça e outras coisas. Só tem um pequeno detalhe, o brasileiro não acordou e muito menos disse chega de corrupção, injustiça e outras coisas. Mas então, por que raios essa revolta contra Sarney? Obvious. Porque disseram pro brasileiro se revoltar. Só por isso.
Um dia perguntei a alguma pessoa sobre porque queria a saída de Sarney, então ouvi como resposta: Todo mundo tá falando pra ele sair, então também quero que ele saia. Fiquei levemente estarrecido com alguma pessoa, mas logo me recompus e disse, Milena vamos sair qualquer dia desses? Mas essa é outra história… Enfim, as indagações e rebeliões brasileiras são fabricadas não se sabe por quem, e depois de prontas, são injetadas em nossos cérebros enferrujados.
Isso se estende para muitos outros meios, tais como o futebol, por exemplo. Torcedores apaixonados matam e morrem por “amor à camisa”, enquanto dirigentes vendem seus melhores jogadores, o que elimina a possibilidade de grandes títulos. Pergunta: O que os times fizeram para merecer tanta devoção dos torcedores? Acho que sabe a resposta. Não? Calma, calma, eu digo. Absolutamente nada. Apenas verdades injetadas.
Não gosto de acabar textos com lições de moral, mas acho que pra esse post é um mal necessário: Seja a favor ou contra, mas, pelo amor de Deus (ou Deusa, Leimar, Odin, etc.), seja por que você acha e não por que te disseram. Pesquise, se informe, não se renda as evidências. E, além disso, sempre escove os dentes antes de dormir. :P
P.S.: Fora Sarney
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Fabiano Che

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Filial do "Atestado Pedante"

Visando novas perspectivas, tentando enxergar o outro lado de um dado, a direção do Atestado Pedante, após muito debate, concluiu que outro quartel-general deveria ser fundado. Estava ficando sofista ter duas mentes vivendo na mesma realidade. Simplesmente um desperdício.
A solução encontrada foi enviar um dos cabeças a um novo mundo. A um mundo onde as coisas fossem completamente diferentes, que nos permitisse tirar conclusões mais sensatas.
Após vencer no "Pedra-Papel-Tesoura-Lagarto-Spock", Giuliano Marley (no caso, eu) se deslocou de Brumado (BA), local da matriz, até Cascavel (PR), local da nossa filial. Lá (aqui) ele (eu) poderá mostrar uma outra realidade que existe, fazendo com que o Atestado Pedante se torne cada vez mais imparcial e conhecido.
Os recursos do Atestado Pedante são oriundos da Sociedade dos Filósofos do Brasil (SFB), e como, segundo os estereótipos, todo filósofo é desempregado, então a verba obtida é escassa.
Estou num hotel de baixo-padrão (quase um albergue), ainda sem a principal ferramenta de trabalho, apenas Internet de Lan House. Sendo assim, darei as caras poucas vezes por aqui. Não chorem, meninas, em setembro eu voltarei com força total… ou não!
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Giuliano Marley

sábado, 1 de agosto de 2009

Siso de um Alma de Prata

Havia muito tempo que era piloto de avião. Mas somente quando seu país foi invadido por uma nação estrangeira, é que decidiu se alistar no exército. Afinal, jamais poderia permitir que estranhos matassem, saqueassem e destruíssem o lugar onde nasceu. Era difícil no início, mas logo se acostumou com o estilo de vida militar.
A guerra já estava praticamente ganha agora. Enquanto sobrevoava os restos mortais de uma cidade em chamas, lembrou-se de um bombardeio que fizeram em sua pátria. Escolas, hospitais, orfanatos, vieram abaixo. Milhares de mortos. A maioria era contra a guerra, boa parte nem sabia o porquê e muito menos contra quem estavam lutando. Por isso, quando o questionavam se não sentia remorso pelos inocentes que matava, a resposta era sempre a mesma: Não!
Afinal de contas, eles começaram a maldita guerra, agora que agüentem as conseqüências. E se tirava a vida de uma criança, ou mesmo de um idoso, estava no seu direito, pois só estava impedindo que fizessem o mesmo com os de seu país. Não gostava daquilo, mas era seu dever cívico. Claro que a maioria daquelas pessoas que matava era tão inocente quanto os seus conterrâneos e, além disso, algum soldado rival poderia usar o assassinato dos seus compatriotas como motivação para lutar, mas, mas… Assim é a guerra, a razão está do lado do mais forte.
Imerso em seus pensamentos, não pôde perceber que um aeroplano inimigo o acossava. Aconteceu rápido demais. Seu avião foi atingido e rapidamente começou a perder altura. Alguns instantes antes de sua aeronave colidir mortalmente com o chão, se lembrou, não se sabe por que, de uma palavra que tinha sido pintada muitos anos antes na asa esquerda de seu avião: TOLERÂNCIA.
P.S.: Tô meio sem inspiração e só saiu isso aí…
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Fabiano Che