domingo, 19 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Então é Natal. Tempo de paz. Hora de rever os planos. Tempo de amarmos uns aos outros. Hora de entrar nesse lindo furacão capitalista, e comprar presentes caríssimos pros seus entes queridos. Ah, é natal. Hora de celebrar o nascimento daquele que morreu por nós. E que celebração mais apropriada do que nos empanturrarmos com panetones, avelãs e carne de peru ou chester ( que diabos é um chester, afinal?). 

Nada me emociona mais que ver criancinhas no colo do Papai Noel aprendendo o valor que devemos dar aos presentes. As criancinhas ricas devem se comportar maravilhosamente, pois sempre recebem  os melhores . E, em vez de aprender com seus irmãos mais favorecidos, os garotinhos e garotinhas pobretões se portam tão mal o ano que não me admira não ganharem NADA nessa data tão especial que é o natal. Também, quem manda elas não comerem NADA no almoço? 

Outra coisa que me traz lágrimas aos olhos é a generosidade. Tomados pelo "espírito natalino" (com aspas bem grandes), as pessoas se juntam para montar o que chamam de Natal sem fome. Fazem mutirões onde arrecadam comidas, roupas e brinquedos (bem vagabundos, não vamos abusar da bondade deles né?). Pelo menos no Natal ninguém passa fome. De janeiro em diante eles que se virem. Pois, aparentemente, o espírito natalino só dura no Natal. Me pergunto o porquê.

Pois bem, meus caros, essa é a mensagem de amor e harmonia que humildemente tentei passar. Um Feliz Natal à todos!! Jesus deve estar tão orgulhoso!!
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Fabiano Che

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dois pesos

(...)
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos.
(...)
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

 (...)
Por Maria Rita Khel*
*Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo e reproduzida do site O Escrevinhador
Veja o texto completo aqui . Veja mesmo.

P.S.: A autora foi despedida do jornal por causa dessa reportagem...
P.S.2: Go Dilma \o/

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Liberdade de Imprensa (Veja bem)

Nas savanas africanas, uma furiosa manada de búfalos corria em busca de água e comida. Um pequeno e serelepe filhote se distraiu com uma borboleta vermelha e acabou se perdendo do bando(é difícil encontrar sinônimos de coletivos). 

E quando percebeu que estava longe dos outros, o filhote se desesperou. Correu para lá e para cá e nada de encontrar os seus. Adentrou a floresta mais e mais e ficou ainda mais longe. Um pombo (na África?!) observava a situação de longe. Foi voando e se aproximando aos poucos (você sabe como pombos são desconfiados) e falou com o pequeno búfalo: -O que aconteceu, amigo?- o filhote respondeu choramingando:

-Me perdi de minha família! - o pombo, empertigando-se todo, respondeu: -Não se preoucupe, pequenino, pois não sabe que eu sou um pombo correio? E não sabe também que pombos correio são os mensageiros da verdade e saem por toda savana informando e esclarecendo a população?

-Não tema- continuou o pombo- aguarde um pouco aqui, coma essa suculenta gramínea, que vou me informar onde está sua família. Búfalos, não? Só pra ter certeza.

E ao dizer isso, saiu voando ligeiro e logo sumiu de vista. E depois de uns minutos, o pombo voltou com uma cara bem satisfeita, satisfeita demais até, e lá do alto gritou pro fihote de búfalo:

-Encontrei, encontrei! Me siga!- Sem perder tempo o búfalo saiu ligeiro atrás do pombo correio, entrou em uma mata espessa, achou uma trilha e quando chegou em frente a um riacho, parou meio assustado - Meus pais me disseram pra não atravessar o rio sozinho! Está cheio de jacarés!

-Bobagem- disse o pombo- eu mesmo tomo banho nesse rio e lhe garanto que não tem perigo!

Ao ouvir isso, o búfalo deu um salto na água, mas nunca mais saiu de lá, pois, escondido atrás de um tronco, havia um enorme jacaré que engoliu o filhote com uma abocanhada só.
MORAL: Não acredite em pombos correio. Ou acredite, você escolhe.
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Fabiano Che

domingo, 12 de setembro de 2010

Tsc tsc

Bispo pede que fiéis não votem em Dilma por ela ser pró-aborto.

No que será que esses católicos retrógrados estão pensando? Será que eles não sabem que a maioria das mulheres que recorrem ao aborto o fazem por não terem condições financeiras de ter um filho? Será que querem ainda mais crianças revirando o lixo em busca de comida? Será que não entendem que a mulher é dona de seu corpo e tem o direito de fazer o que quiser com ele? Será que querem mais violência, pois filhos indesejados tem mais chance de ir para o mundo das drogas?

Devíamos matar também as criancinhas pobres...
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  Fabiano Che

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fantasma do futuro corporativo

 Um homem sai de seu apartamento. Está chovendo. Ele esqueceu seu guarda chuva. Chega completamente encharcado no ponto de ônibus. Suas botas estão cheias de água.Ao tirá-las ele escorrega e cai em uma poça de água suja. As pessoas olham pra ele com um ar de desprezo, mas ele não se importa pois,  na noite passada, viu o fantasma do futuro.

O Espírito disse pra sempre que puder tirar suas botas, principalmente quando estiverem cheias d'agua. Também disse que se ele saísse em uma longa viagem de negócios, ao voltar perceberia que seus filhos já estão crescidos e que ele nunca fez sua mulher gemer.

 E disse também: — As pessoas o deixam nervoso, você acha que o mundo está acabando e todos agem como se fossem de plástico, são tão sarcásticos, e sua comida está tão fria e você precisa esquentá-la.

Talvez você deva beber menos café e nunca mais  assistir 10 horas de notícas. talvez você deva beijar alguém legal ou andar de biccleta ou os dois. Talvez você devesse cortar seu próprio cabelo. É de graça e ele sempre cresce. Até quando você está morto.

Pessoas são só pessoas e não deveriam te deixar nervoso. Se chegar mais perto verão que elas não são de plástico. O mundo é eterno, saia sem guarda chuvas, tire seus sapatos, por que pessoas são só pessoas. Pessoas são só pessoas. Como você.
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Fabiano Che

P.S.-  Discaradamente copiado Baseado na música Ghost of Corporate Future de Regina Spektor...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caretas não-pintados

O que diabos há com minha geração?

Minha geração chorou com o que aconteceu na França em 1998 e sorriu com o que aconteceu na Coréia do Sul e no Japão em 2002.

Minha geração assistiu a Os Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho, Dragon Ball Z e Pokémon.

Minha geração domina as mídias sociais de hoje em dia.

Minha geração passava Mertiolate e água oxigenada nas feridas enquanto a mãe dizia “Não vai doer. Eu assopro.”.

Bons tempos…

Mas que merda de geração inerte é a minha geração! Que bando de caretas moralistas. A geração Coca-Cola parece que está voltando. Ninguém mais quer lutar por nada. Nenhuma luta pelos direitos civis, nenhuma luta por um mundo melhor, nenhuma coisa prática.

Minha geração é careta. É abençoada pelo saber, pela aspiração ao conhecimento, pela informação. Minha geração vive atrás de um computador gritando #FORASARNEY como se isso resolvesse alguma coisa. Minha geração é corajosa, pois a Internet proporciona isso. Ela fica dizendo, repetindo, repisando que o mundo tem que mudar e não faz porra nenhuma. Pelo contrário, quando voltam ao mundo real, fazem o inverso do que escrevem por aí.

Depois de uma motivação descomunal com esse blog que surgiu no ano passado, na qual colaborei pra tentar mudar alguma coisa (principalmente percepção), confesso que me entreguei aos lobos. Desisti de fazer algo teórico e abandonei as ações práticas. Até o Dr. Fabiano Che me alertou sobre isso. Disse na ocasião “...blá-blá-blá, não há mais o sentimento daqueles de uma geração passada, na qual pintavam seus rostos e foram capazes de derrubar um Presidente da República [adaptado]”. Minha resposta a ele foi carregada de cumplicidade para com minha geração.

Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?

Mas há alguns dias assisto ao programa Sem Censura e a atriz Lúcia Veríssimo toca justamente nesse assunto. Ela disse algo semelhante numa entrevista à Istoé Gente: “Tenho 51 anos e minha geração lutou por mudanças políticas, sociais. Essa de agora me assusta. Converso com o pessoal que faz tevê, que é um ambiente supostamente mais aberto, e fico chocada. São jovens caretas e reacionários.”

Sinto-me envergonhado por estar num grupo de desinteressados que só reclamam e não fazem nada. É óbvio que existem suas exceções. Eu era uma.

Se a inércia fosse o maior de nossos problemas, ótimo!, ainda estaríamos lucrando. Sério. Mas o problema é o moralismo, a caretice. Em relação aos padrões comportamentais, em vez de progredirmos, estamos regredindo, quando a estagnação ainda seria uma boa.

Viu a Argentina? Acabaram de legalizar a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Que progresso! Que ordem, irmãos! O primeiro da América Latina e o décimo no mundo. Enquanto isso, minha geração xinga muito no Twitter. “Só podiam ser argentinos! Blá-blá-blá... Adão e Ivo, blá-blá, plugue e tomada!”

É isso aí, Brasil! Estamos no caminho correto quando o assunto é manter o padrão em nossa história. O último país a abolir a escravidão acha inadmissível ver duas pessoas do mesmo sexo usufruindo dos direitos de um casal. Em 13 de maio de 1888, os TTs mundiais deviam estar repletos de indignação com a Lei Áurea. É brincadeira, né? É quase a mesma coisa. Um dia perceberão isso (ou não).

Sabe o que aconteceria se os gays pudessem se casar? Ah, muita coisa. Guerra atômica, apocalipse, famílias destruídas, derretimento das calotas polares e, acima de tudo, gays de casariam.

Minha geração é idiota. Minha geração é besta.

Até Eliza Samúdio não escapou. “Aquela puta maria-chuteira merecia morrer.” Não fode, tá? A mulher foi brutalmente assassinada, gente, então porque cargas-d'água insistem em querer difamá-la, expondo seu passado como atriz pornô? E não me venha com “pára o mundo que eu quero descer”, pois é você mesmo que tá ajudando a bagunçar nossa casa.

Minha geração acha que tem opinião, mas não percebe o quão manipulados são. É muito inteligente e criativa, contudo patética.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lógica Convencional x Lógica Religiosa

Uma maneira muito complicada e ilógica de dizer Uma maneira muito complicada e ilógica de dizer "eu tenho medo da morte".

Via:
Moronail

sábado, 8 de maio de 2010

Em busca da felicidade

Sabe, moço, eu era muito pobre. Trabalhava na mercearia do Zé e ganhava muito pouco. Eu gostava muito da Ritinha e a Ritinha gostava muito de mim. Foi um primo meu que me chamou pra ir para cidade grande. E eu querendo dar uma vida melhor pra Ritinha, mesmo como o coração na mão, parti.

Quando pisei meus pés na cidade grande, arranjei um emprego em uma fábrica de caixas. O pessoal de lá, muito gente boa, me aconselhou a voltar pros estudos. Todo dia ligava pra Ritinha.

Então, ao terminar o ensino médio, decidi prestar vestibular, e adivinhe, passei! Conheci gente nova, minha cabeça se expandiu incrivelmente, até consegui um estágio em uma empresa de seguros. De vez em quando telefonava pra Ritinha.

Após concluir minha faculdade, fiz uma pós-graduação, fui promovido à gerente assistente na firma de seguros. Assim foi minha escalada rumo ao sucesso. Mestrado, gerente, doutorado, coordenador, PhD e, finalmente, presidente da companhia. Nunca mais entrei em contato com Ritinha.

Foi assim que consegui realizar o sonho de muita gente. Ter quatro carros importados na garagem, duas mansões, namorar a capa da revista, enfim, tudo o que se precisa pra ser feliz... Que saudade da Ritinha!!
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Fabiano Che

sexta-feira, 7 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

Diálogos existencialistas

(...)

— Pois é, como eu tava te dizendo, não acredito nessa coisa de céu e inferno, sabe?
— Fabiano! Como você pode dizer algo assim? Um menino tão inteligente...
— Inteligente, eu? Então talvez seja por ser inteligente que eu diga isso...
— Se for assim, eu quero morrer burra!
— Só que eu não tenho essa escolha (por isso mesmo é que sou livre).
(...)
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Fabiano Che

domingo, 28 de março de 2010

A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante

—Alôoooo galerinha!!  Está começando mais um Juventude Antenada!! Eu sou Fannie Champignon e hoje teremos aqui em nosso programa a banda pop rock do momento: ALIEN’ados!!
Isso mesmo! O grupo musical que está fazendo a cabeça da moçada! Antes do show, vamos fazer algumas perguntinhas pra esses grandes músicos, boa noite meninos!

—Diga aew, Fannie. Um salve aew pra moçada!

— Pois bem, meninos. Posso dizer com segurança, que vocês representam hoje a nossa galera, a juventude mesmo. E como vocês lidam com isso?

—Haa, isso aew minina. É por que ALIEN’ados  é atitude, é rock na veia, tá ligado? E se os muleque manja isso então agente fica moó feliz, saca?

—Sim, sim! Já que tu falaste em atitude, cê não acha que falta um pouco de vontade, de contestação nos jovens? Toda aquela rebeldia parece ter acabado...

—Que isso!! Agente se liga muito no nosso mundo. Lutamos pela natureza aew, contra as grandes corporações e tals...

—Engraçado você dizer isso usando uma camisa de refrigerante, e esse cinto cafona aí, não é de couro de jacaré?

—Pow, isso não tem nada a ver... E não sei se você viu na revista Moda’s da semana passada, agente fez um protesto contra o cara do senado, aew!

—Não, eu não leio essa revista... Protesto? Refresque minha memória, protestaram contra quem e por quê? Aliás, você sabe qual a função do Senado?

—Pow, aew tá me tirando? O Senado serve para... para...Ah, esses político são tudo uns FDP, saca?

—[suspiros] Bem... Encerramos nossa entrevista por aqui. Meninos, poderiam tocar pra gente? Quer dizer... Pensando bem, é melhor não. E corte essa franja, seu tosco!

—Aew, moó  nada a ver...
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Fabiano Che

quinta-feira, 18 de março de 2010

Verdade, Bondade, Utilidade

Osnir é novo no trabalho. Ele entrou na empresa através de concurso há pouco tempo e sua aceitação pelos veteranos parece meio complicada. Complicada porque seus colegas com mais de 20 anos de casa pensam que Osnir vai roubar seus respectivos empregos.
Enquanto almoçavam, os antigos funcionários conversavam:
— E aquele tal de Osnir, hein? Não fala, é meio caladão — começou alguém.
— Eu nunca ouvi a voz dele — disse outro.
— Dizem que ele se diz um intelectual, por isso não fala com pião como nós — continuou mais um.
— É mesmo? Só porque é concursado ele pensa que pode ignorar a gente?
— Lamentável. Vou começar a ignorá-lo também.
— Um cara desse não merece respeito!
— Vou ver com ele o porquê disso. — finalizou Valdemir.
Osnir não é do tipo que fala muito. Culpa da grande experiência de vida, apesar da pouca idade. Ele sabe que sempre tem a oportunidade de ficar calado. Mantém-se sempre atento, ouvindo, e pouco se ouve da sua voz.
Outro dia, no horário de almoço, Valdemir, seu colega, veio lhe falar:
— Cara, porque você não fala com a gente, hein? Fica aí sentado, só ouvindo…
— Nada não.
— Fiquei sabendo de uma história sua aí, e tal…
— …
— Quer saber?
— Quero sim… Mas depende?
— Depende de quê?
— É verdade essa história aí? Tem certeza de que o que te contaram é verdade?
— Rapaz, sei não, foi o que me contaram… Os caras que estão falando aí.
— Ok, é o tipo de coisa que você gostaria que dissessem de você?
— De jeito maneiro!
— Não mesmo?
— Não mesmo!
— E é realmente necessário passar essa história adiante?
— Como assim?
— Essa história que dizem de mim, ela promoverá ganhos ao mundo ou a alguém? Ela é útil? É útil contar essa história ao mundo?
— Não, cara.
— Então eu não quero saber dessa história. Guarde-a para si mesmo.
— …
— Fique sentado aqui perto de mim só ouvindo…

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mais perto do Céu

Hey, doc.

Mas que diabos! O diabo! Eu espero ansiosamente pra conversar com Deus e é você que aparece... De novo.

Que isso, man. Todo mundo sabe que comunistas são ateus.

Então... Veio me tentar a observar a vizinha tomando banho? Já disse que não vou fazer isso de nov... Quer dizer...

Nada disso. Hoje vim lhe contar uma história. Por favor, sem interrupções. Cale-se e escute: Era uma vez em um país muito distante, vivia um jovem cantor de uma banda de black metal, seu nome era Steven.
Steven era talentoso, mas também era muito tímido, e como timidez não é uma característica que combina com o mundo do rock, não conseguia empolgar o público com sua performance inibida.
Em uma ensolarada tarde de sábado, quando Steven chegou a garagem, que eles chamavam de “estúdio”, descobriu que havia sido substituído. Colocaram outro pra cantar em sua banda. Aquilo acabou com ele. Cantar era sua vida, entoar cânticos supostamente satânicos era sua razão de viver.
Steven saiu correndo, chorando feito um cantor de rock frustrado. Foi em busca da única outra coisa que o fazia sentir vivo, ligado, moó legal. Mulheres? Álcool? Drogas? Nada disso. Literatura gótica.
Horace Walpole e Edgar Allan Poe eram a paixão de Steven. Enquanto procurava O Castelo de Otranto em uma prateleira imunda e velha de uma biblioteca ainda mais imunda,
Steven viu o livro que mudaria pra sempre sua vida: 7 Passos simples para vender sua alma, por Giulione Marloy.
O livro prometia que em troca de sua alma, poderia se realizar todos seus desejos. Havia umas letrinhas miúdas na última página sobre algo como sofrimento eterno, mas Steven não reparou.
E foi assim que em uma primaveril meia noite em um aconchegante cemitério, Steven realizou o “feitiço”, que não era tão simples assim, (onde arranjar sangue de bode?) e vendeu sua alma para o Diabo, vulgo eu. Seu desejo era ser uma estrela do rock!!
Desse dia em diante, Steven começou a cantar em barzinhos, a timidez tinha ido embora, e rapidamente começou a fazer sucesso. Suas canções sobre o abate de filhas e guerra de porcos emocionavam as pessoas.
Ganhou prêmios, fez turnês internacionais, ou seja, seu sonho finalmente havia se concretizado. Em seu jatinho particular, a alguns mil pés de altura, pensava em como sua vida mudara desde o pacto. Steven percebera que sua voz não tinha mudado, mas que ganhara uma grande confiança em si mesmo, como se o pacto fosse o empurrão que ele precisava para buscar seus objetivos.
E no exato momento que seu avião sobrevoava o Vaticano, Steven entendeu tudo! Não foi o pacto que lhe dera forças para vencer a timidez! Foi sua própria vontade! Aquilo surgiu de dentro pra fora e não o contrário! Foi aí que ele deu a maior gargalhada de sua vida! Pacto? Demônio? Como tinha sido tolo! Então começou a cantar. Compôs uma lindíssima canção, você precisava ouvi-la!


Que bela história! E o que aconteceu depois? Ele continuou com sua vida de felicidade e sucesso?

Na verdade não. Enquanto Steven cantava, o piloto perdeu o controle e o avião caiu no mar, e todos morreram com o impacto...

Que tipo de história é essa? Cadê a moral? Você é sádico por acaso?

Ahn... Sim. Eu sou o diabo, lembra?

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Fabiano Che

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Acumulou!

— Lá em Pato Branco tem uma senhora de nome Joanete Consuelo que apostava todo dia na mega-sena. O marido dela que dava o dinheiro.
— E daí?
— Daí um dia ela parou de apostar e foi guardando todo dia o dinheiro da aposta num cofrinho daí.
— E o que aconteceu?
— Ela nunca ganhou na mega-sena.
— Quem quer saber disso, polaca? Some daqui! Que história mais sem sentido.
— Claro, porque não terminei.
— Ai, ai, ai.
— Daí, depois de muitos anos ela ficou rica.
— Mas você não disse que ela não ganhou na mega-sena?
— O cofrinho tava cheio de notas de dois reais.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Brilho Eterno de Uma Mente com Esperança

Cada dia da vida de Daniel foi patético. Agora que terminou o Ensino Médio, o que fazer? Não há perspectivas, parece que tudo continuará tão estúpido como sempre foi. Só o que ele tem é talento, mas nenhuma oportunidade; capacidade e disposição, mas nenhum apoio.
Daniel tem a intenção de mudar a sua realidade. Ele quer. Ele aspira. Ele deseja mais do que tudo. Mas como!? O que fazer!?
A sirene do colégio toca estridente fora da sala de aula, anunciando de modo oficial que acabou o ano letivo. Todos os alunos saem correndo, gritando e entoando rugidos de alegria, menos Daniel, que prefere se conter. Ele não é um cara tímido, apenas não tem nada pra comemorar.
Caminha em direção à porta, agarrado à sua mochila, mas antes de poder sair é convocado pelo professor de física que ainda estava em sua mesa. Seu nome é Sebastião, um qüinquagenário que leciona há tempos, taxado de excêntrico por seus colegas.
— Daniel, venha cá.
— Sim?
— Posso compartilhar um segredo com você? Saiba que o considero, Daniel, o melhor aluno que já tive. Nunca nenhum aluno meu se saiu tão bem nessa disciplina.
— É, talvez.
— Por conta disso, quero que você saiba de umas teorias minhas, coisas que gostaria muito que você pusesse em prática, confirmando tudo que especulei até hoje como físico. Posso confiar em você?
— Porque não!? Manda.
Sebastião se abaixou e pegou um minúsculo grão de areia do piso da sala de aula, sujeira, depois o dirigiu para a vista de Daniel.
— Como você sabe, este grãozinho de areia tem uma massa. Extremamente pequena, mas ainda assim uma massa.
Daniel concordou sem dizer nada.
— E por este grão de areia ter uma massa, ele exerce uma força de gravidade. Ela também é pequena demais para ser sentida, mas existe.
— Certamente.
— Então — disse o professor —, se pegarmos trilhões de grãos de areia como este e deixarmos que atraiam uns aos outros para formar, por exemplo, a lua, a força de gravidade combinada deles será suficiente para mover oceanos inteiros e fazer subir e descer as marés por todo o nosso planeta.
Daniel não sabia onde Sebastião pretendia chegar, mas o que ouvia parecia interessante.
— Então vamos elaborar uma hipótese — falou o velho enquanto se desfazia do grão de areia. — E se eu dissesse a você que um pensamento, qualquer idéia minúscula que se forme na sua mente, possui uma massa? E se eu lhe dissesse que um pensamento é uma coisa de verdade, uma entidade mensurável, com uma massa mensurável? Minúscula, é claro, mas ainda assim uma massa. Quais seriam as implicações disso?
— Hipoteticamente falando, professor? Bem, as implicações óbvias seriam: se um pensamento tem massa, então ele exerce uma força de gravidade e pode atrair coisas para si.
Sebastião sorriu.
— Você é bom, cara. Agora avance mais um passo. O que acontece se muitas pessoas começam a se concentrar no mesmo pensamento? Ou melhor, e se você começa a se concentrar nesse mesmo pensamento por muito tempo? Todas as ocorrências desse mesmo pensamento passam a se consolidar em uma só, e a massa acumulada dele começa a aumentar. Portanto, sua gravidade aumenta.
— A valer.
— Quer dizer que… se um número suficiente de pessoas começarem a pensar a mesma coisa, ou se você começar a pensar a mesma coisa, positiva ou negativa, então a força gravitacional dessa idéia se torna tangível e exerce uma força de verdade. — O professor meneou a cabeça esperando confirmação. – E ela pode ter um efeito mensurável no nosso mundo físico.
Isso foi há 5 anos atrás. A partir daquele momento, Daniel passou a acreditar naquilo fielmente. Ele começou a pensar em tudo que desejava. Começou a imaginar sua vida repleta de abundância e felicidade. Todas as noites, deitado em sua cama antes de pegar no sono, ele inventava um mundo maravilhoso.
Sonhava acordado com aquele emprego bem remunerado, naquela cidade culturalmente rica, com aquela garota perfeita…
Passaram-se dois anos desde sua conversa com o professor quando, fazendo o que quase nunca fazia - assistir a televisão - que ele viu uma oportunidade. Um concurso público. Finalmente seus sonhos realizar-se-iam? Talvez. Fez o concurso e passou! Ganhou dinheiro, não muito, mas o suficiente pra poder passear pelas cidades vizinhas e conhecer gente.
Uma dessas pessoas que conheceu foi Moisés, o cara da mineradora. Ele era um concurseiro, vivia disso, sempre tentando a “sorte”. Foi ele que indicou aquele concurso muito longe para Daniel. Parecia bem remunerado, mas era pra cadastro de reservas. Mais confiante do que nunca, ele prestou o concurso, passou e se encheu de alegria. Finalmente!
Ainda não. Toda aquela vida que ele sempre quis deveria se adequar a ele - ou seria o contrário? Daniel viveu por mais dois anos na expectativa de ser chamado para trabalhar, mas ainda não estava pronto. Não se continha de ansiedade, mas mesmo assim sempre manteve o foco, sempre pensando naquilo que queria.
O tempo transcorrido depois de passar no concurso foi decisivo para a mudança na vida de Daniel. Nesses dois anos ele pôde aprender a se relacionar melhor com as pessoas, a tratá-las de maneira mais gentil, a ignorar aqueles que o queria vê-lo destruído… Daniel pôde se desligar da sua vida adolescente e começou a encarar o mundo como um homem, com suas responsabilidades e independência.
Esses dois anos foram decisivos para seu êxito, pois sem essa bagagem, tudo seria em vão. Ele alcançaria suas aspirações, mas supostamente não conseguiria mantê-las, acabaria tendo o efeito contrário. Ele não se daria bem com os colegas de trabalho, não se adaptaria à cidade, nem sequer conheceria ela…
Quando menos esperava, quando sua mala de experiência de vida estava suficientemente cheia, Daniel é convocado. Felicidades!
Seria hora de ser cauteloso, não deveria se exaltar. Mantenha o foco.
Ele mudou de cidade, começou a trabalhar e, devagarzinho, quase tão devagar quanto foi todo esse processo, começou a ter seus pedidos realizados.
Hoje Daniel é adorado por todos os seus colegas de trabalho. Seus superiores o adoram também, pois ele é um cara que sabe trabalhar e tem um compromisso com a empresa. Tem idéias inovadoras e participa de tudo que lhe é oferecido. Está prestes a receber uma promoção.
Adaptou-se perfeitamente à cidade. Conhece quase todos os lugares e venera a segurança e organização do lugar. Seus habitantes são educados e cultos.
Daniel finalmente pôde se encontrar com Amanda, a caucasiana baixinha de seus sonhos. Aquela ciumenta de cabelos negros. A mesma que sempre sonhou com um cara como Daniel.
Então, mesmo depois de tanto tempo, depois de tanta adversidade, Daniel está conseguindo tudo aquilo que sempre quis, tudo aquilo que desejou com força. Simples assim? Não, ele correu atrás, ele lutou, batalhou, se privou, viu-se indiferente a problemas… venceu! Além disso, ele sabia o que queria, sentia-se e se comportava como se as coisas estivessem a caminho, esteve aberto para recebê-las.
Ainda há infortúnios, mas isso Daniel sabe que faz parte. Ele sabe que a verdadeira felicidade é construída tijolo a tijolo, com o sol na cara, com chuva na cabeça, com problemas que transcendem o seu domínio.
Daniel conseguiu. Daniel está conseguindo. Consiga!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Satanista, eu?

Sem inspiração...

Tente não forçar a barra, deixe fluir.
 
Deus? É o senhor?

Um pouco mais quente e devasso.

Ahn... Sidney Magal?

Pense em Deus, só que de férias.

O Diabo!!

Descobriu o Brasil...

O que quer de mim?

SUA ALMA!!! Brincadeira. Adoro ver a cara das pessoas quando digo isso... Só vim para desmistificar certas ideias preconcebidas que tem de minha pessoa (eu sou uma pessoa?).

Tipo, você ser o responsável por tudo que existe de ruim no mundo?

Isso também. Se um cara esquarteja seu hamster, culpa do diabo, se uma mulher dá uma facada no pedreiro, de quem é a culpa?

Sabe, já andei pensando nisso. Temos a mania de tentar justificar nossos erros, colocando a culpa em algo exterior a nós.

Andou, foi? Então foi uma boa idéia clicar no link desse blog quando tava pesquisando filocínicos no Google. Nem parece coincidência... Talvez tenha sido a providência Divina...

Se você diz...

Prosseguindo com seu raciocínio limitado, humano patétic... caro amigo, o homem é assim desde o inicio dos tempos. Se sentia desejo pela mulher de outro, a culpa era da pobre da mulher, se era pobre, a culpa era de seus pais. E quando o homem começou a conceber a ideia de uma divindade totalmente desprovida de maldade, como poderia explicar todos aqueles sentimentos ruins?

Entendo... Então, elas criaram um ser antagônico a divindade para justificar a maldade que nós mesmos possuímos... Peraí, você está me dizendo que não existe Diabo?

Na mosca. Só para fins de curiosidade, você sabia que os primeiros satanistas não eram satanistas?

Eu estou conversando com algo que não existe?

Detalhe, detalhe. Os homens que se denominavam a Ordem De Lúcifer, eram intelectuais renomados que discordavam da truculência da Igreja Católica. Como essa Ordem estava ganhando espaço, a Igreja lançou calunias, acusando esses homens de serem sodomitas, fazerem sacrifícios, dentre outras coisas.

Interessante...

Bom conversar com você, meu caro. Nos vemos em breve lá embaixo. Até!

Como é?!
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Fabiano Che

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tecnologia e Tautologias


BEM VINDO À NOVA COMUNIDADE DE RELACIONAMENTOS DA INTERNET, ONDE VOCÊ PODE REUNIR TODOS OS SEUS AMIGOS!
—Mas, eu não tenho nenhum amigo...

CONHEÇA O NOVO COMPARTILHADOR DE MENSAGENS DA INTERNET, ONDE VOCÊ PODE DIZER TUDO QUE SEMPRE QUIS, PARA QUE TODOS SEUS AMIGOS POSSAM LER!

—Mas, eu não tenho nada pra dizer e não tenho nenhum amigo...

SE ENCANTE COM O INCRÍVEL EDITOR E DIVULGADOR DE IMAGENS DA INTERNET, ONDE VOCÊ PODE DIVULGAR E COMENTAR AS FOTOS DE TODAS SUAS AVENTURAS PARA TODOS OS SEUS AMIGOS!

—Mas, eu não faço aventuras, não tenho nada pra dizer e muito menos amigos...

NÃO PERCA TEMPO! COMPRE AGORA MESMO UM PRESENTE A QUEM VOCÊ AMA! NO SISTEMA DE COMPRAS VIA INTERNET, VOCÊ PODE SURPREENDER SUA NAMORADA COM NOSSOS BELÍSSIMOS PRESENTES!

—Mas, eu não tenho namorada, não faço aventuras, não tenho nada pra dizer e não tenho amigos...

CARA, SE VOCÊ NÃO TEM NAMORADA, NÃO FAZ AVENTURAS, NÃO TEM O QUE DIZER E NÃO TEM AMIGOS, PRA QUE QUER INTERNET?

—Para fazer amigos, ter o que dizer, participar de aventuras e ter uma namorada...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Alma

— Pronto, senhor. Aqui estou eu
— Fala aí. O quê que manda?
— Passei minha vida inteira sem cometer pecado algum.
— Sério?! E daí?
— Como “e daí?”? Por toda minha vida me sacrifiquei e tentei seguir a tua palavra. Acho que chegou a hora de receber algo em troca.
— Ah, malandro. Não me leve a mal, mas o conceito que você tem de pecado foi apenas uma forma pra te condicionarem dentro de um sistema.
— Hein?
— Tolices criadas por homens tolos para homens tolos.
— Então quer dizer que minha vida de privações foi em vão?
— Deveras!
— Puxa! Morri virgem aos 35 anos só porque me disseram que sexo só depois do casamento. E nesse tempo não consegui uma pessoa legal.
— E aquelas gatinhas que te rodeavam?
—Bem, já que estou morto, vou dizer: eu gostava mesmo é de gatinhos. Mas me disseram que era errado, que eu viraria lobisomem.
— Do barulho!
— Trabalhei amargamente como contador numa sala abafada, mas o que eu queria mesmo era ser tatuador. Diziam que era errado marcar nossos corpos. Deixei de ir a festas, bebedeiras, curtição… Não vivi minha vida. Não fiz nada na minha vida.
— Lastimoso.
— Então, onde estamos afinal? No Céu ou no Inferno?
— Cara, estamos aí. Tipo assim, em outra dimensão, saca? Essa parada de “bem” e “mal” não existe, nem nunca existiu.
— Mas me disseram que o senhor ficava olhando nossas vidas e julgando nossas ações.
— Sinistro, aí! Nada a ver. Eu não julgo, meu. Seria absurdo julgar quando dei o livre-arbítrio. Não poderia fazer uma coisa dessas. Por isso que fico o dia todo jogando The Sims.
— Oh! E o que tem pra se fazer aqui?
— Nada, só um vazio infinito. Ao contrário da sua vida, morou!?
— …
— Foda, né?
— É.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A felicidade realmente está no caminho

Lá no topo da serra, jaz aquela magnífica torre. Ela parece me olhar com a arrogância típica dos grandes. Parece totalmente inalcançável lá em cima daquele tapete verde de árvores. Eu tento medir a distância com meus olhos e sei que ainda falta muito. Olho pra trás e vejo que ainda preciso andar bastante e talvez ainda não seja suficiente.
Meus pés, em desespero, gritam por um descanso. O suor banha meu rosto, o que me lembra que a água do cantil está chegando ao fim. Parece que uma névoa cobriu meus olhos, ou talvez o mundo tenha se desfocado. De repente a trilha pareceu desaparecer sob meus sapatos. Olho em minha volta e só vejo mato. Amaldiçôo silenciosamente a hora que tive a idéia de subir a maldita serra. Cansado demais para me desesperar, sento no chão, com a cabeça entre os joelhos.
E no momento em que formigas subiam perigosamente em minha perna direita, me levanto e percebo ao longe a ponta da torre entre duas grandes árvores. Minhas pernas cambaleiam em sinal de protesto, mas já tinha tomado minha decisão. Guiando-me pela torre, recomeço a subir e depois de caminhar bem mais que eu gostaria, finalmente chego ao topo da montanha.
Com um enorme sorriso no rosto, me aproximo da majestosa torre, só que alguma coisa parece estranha. Desfazendo o sorriso noto que de perto a torre não passa de um emaranhado de ferro toscamente retorcido. E enquanto lágrimas lavam minhas faces, vejo lá embaixo um monte de pontinhos coloridos, que na verdade são a minha cidade.
Só aí entendo. Alcancei a torre. Cheguei ao topo, tracei um objetivo, que parecia impossível, e consegui. Sinto-me mais forte do que nunca e vejo que em outra montanha há uma torre ainda maior e mais bonita. E mesmo sabendo que vou me perder no caminho, cair e ralar meus joelhos e gritar feito mulherzinha quando uma aranha subir em meu ombro , coloco minha mochila de novo nas costas e parto em direção a segunda torre.

História baseada em fatos reais, exceto pela parte da aranha...

Para maiores esclarecimentos clique aqui
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Fabiano Che

sábado, 2 de janeiro de 2010

Negritude

Eu adorava Deus como sempre fazia, então me disseram para rezar do jeito deles.
Aí as coisas ficaram mais claras, mais críveis não, só mais claras mesmo.

Eu deixava meus cabelos como sempre, então me pegaram e alisaram meu cabelo.
Aí as coisas ficaram mais claras, mais bonitas não, só mais claras mesmo.

Eu amava e divulgava minha cultura, então me disseram que tudo que acreditava era maligno e terrível.
Amordaçaram-me e me forçaram a engolir a cultura deles.
Aí as coisas ficaram mais claras, mais sensatas não, só mais claras mesmo.

Assim fizeram com minhas roupas, comidas, músicas e tudo que faziam de mim, eu mesmo.
Aí as coisas ficaram totalmente claras, sensatas não, só claras mesmo.

Então, me olhei no espelho e vi que, graças a Deus, as coisas continuavam escuras.
Escuras não, NEGRAS!

Foi assim que percebi que podiam “embranquecer” minha religião, meus cabelos, minhas roupas e até minha pele.
Mas meu coração, eles nunca conseguirão clarear!

VIVA O NEGRO! VIVA O BRANCO!
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Fabiano Che

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mudança de horizontes


É aquela velha história. O segundo parto. Tudo que você conhece fica para trás. No início você sorri para o céu das novas oportunidades. Aí você se dá conta que está sozinho. Olha para aquela parede cinza a sua frente e se depara com a solidão.
Então você mergulha no turbilhão de cores, sons, emoções e tudo mais que uma vida nova propicia. Aí você sente frio, muito frio. E se cansa de todo aquele barulho. E quando seus olhos começam a se acostumar com a claridade, BANG!, Você leva uma martelada na cabeça, grita por socorro, mas sabe na superfície e no fundo de seu coração que a única pessoa, ou as únicas pessoas, que te estenderia a mão ficou lá atrás, antes do início deste texto.
Você inspira, mas lhe tiraram todo o oxigênio. Você chora até se cansar e se cansa de tanto chorar, e alguns instantes antes de acabarem as lágrimas, você levanta e vai viver seu sonho.

Feliz Ano Novo (e que seja Novo de verdade)!!
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Fabiano Che