Violentamente Pacífico é um vídeo de Gabriel Teixeira realizado no Bairro da Paz (Periferia de Salvador-BA) entrevistando Ras Mc Léo Carlos, cidadão…
____________________
A direção
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Violentamente Pacífico
sábado, 20 de junho de 2009
Ah, esses escapismos

Um burro velho como eu não merece um salário maior, por que desde menino tive que ralar e não pude ir à escola. Inteligente é meu patrão, homem estudado e esperto, sabe mandar e o que deve ser feito, enquanto eu, pobre de mim, só sei obedecer. Mas se essa é a vontade de Nosso Senhor, fazer o quê?
Todos dizem que eu devo me esforçar mais, parece piada, só que eles não sabem como é se submeter a um trabalho rotineiro, irreflexivo, repetitivo em que me encontro reduzido a gestos estereotipados. Pois não compreendo o sentido do que faço e o produto do meu trabalho não é meu. Acho até que vale mais do que eu, com certeza vale muito mais do que minha pessoa. E eu pensava que mais-valia nessa vida.
Eu tento empregar toda minha energia para que meus filhos estudem bastante e tenham uma vida melhor que a que tive. Mas isso faz a gente pensar, sabe? Os filhos do meu patrão estudam em escolas muito melhores e mais caras que a dos meus rebentos, então eles estarão muito mais preparados para "vencerem na vida" e se tornarem "patrões". E os meus meninos, mesmo se tentarem muito, provavelmente serão apenas "empregados" como seu pai. E o mais engraçado disso tudo é que meu chefe paga as escolas dos seus filhos com o dinheiro que vem dos frutos do meu trabalho. Nada muda, só se trocam os personagens, sempre haverá o burro de carga e o seu dono. Não me parece nada justo.
Será que outros empregados já pensaram nisso? Eu trabalho, trabalho e trabalho e nunca consigo nada. Alguma coisa está errada. Tem gente que faz muito pouco ou nada e ganha muito mais do que eu. Às minhas custas! Não que meu patrão não mereça nada, mas e eu, como é que fico? Sem nada, apenas mais um nessa gigantesca engrenagem que tira de muitos e… Puxa, o canal entrou no ar!!! Bem na hora do jogo!!
Quem dera se a televisão "saísse do ar" mais vezes…
____________________
Fabiano Che
quinta-feira, 11 de junho de 2009
(Chanfrando) O Pai, o Filho e o Burro

Todo mês o fazendeiro pegava seu ínfimo dinheiro e partia rumo à cidade a fim de comprar víveres. Quanto a seu filho, esse nunca saiu da roça e estava muito a fim de conhecer a zona urbana.
Numa dessas saídas do velho, seu filho lhe pede:
— Meu pai, posso ir contigo à cidade dessa vez?
— Meu pai, posso ir contigo à cidade dessa vez?
— Acho melhor não, meu filho — responde o pai.
— Mas porque não?
— Por que a cidade é um lugar desprezível, onde a humanidade é desumana. Eles vivem pra falar mal dos outros e, quando virem um sujeito coxo como você, farão comentários maldosos, comentários esses que te magoariam.
— Exagero!
— Quem me dera eu estivesse exagerando.
— Façamos o seguinte, então, meu pai. Eu monto no burro quando entrarmos na cidade. Dessa maneira, ninguém verá, nem ao menos falará mal de minha deficiência física.
O fazendeiro gostou da idéia e resolveu levar o rapaz dessa vez. Já estava na hora de ele conhecer o mundo.
Ambos se aprontaram e partiram com o burro carregado de verduras que pretendiam vender na feira. A caminhada foi longa e árdua, mas finalmente se encontraram na porta da cidade. O fazendeiro diz:
— Pronto, filho, chegamos. Suba no lombo do burro para que possamos entrar sem ninguém criticar.
Dito e feito. O rapaz monta no animal enquanto seu pai vai seguindo à frente, com os próprios pés, guiando-o. Enquanto adentravam a urbe, olhares acusadores observavam-nos. Eram dos cidadãos, que comentavam:
— Olha só que absurdo! O rapaz, vendendo saúde, vai em cima do burro enquanto deixa o pobre e fraco velho andando. Quanta impiedade!
Pai e filho param e resolvem inverter suas posições no intuito de cessar os comentários, apesar do que fora combinado antes. O velho sobe nas costas do animal enquanto o rapaz vai andando na frente.
Logo adiante, mais olhares acusadores e mais críticas:
— Me abismo vendo uma coisa dessas. O homem vai na boa em cima do burro e deixa o filho aleijado andando no maior sofrimento.
Os dois param novamente e tentam arquitetar um novo plano de caminhada sem que ninguém fale coisa nenhuma. A solução que encontraram foi a seguinte: ambos montariam no burro e ninguém reclamaria da velhice e da deficiência de pessoa alguma. Parecia um bom plano. Assim fizeram e continuaram o trajeto. Só que o animal mal agüentava uma pessoa, veja lá duas. O pobre burro sofria enquanto carregava pai e filho. Pra variar, pessoas comentavam:
— Olha só pra esses dois preguiçosos sem misericórdia. Não querem nem saber de andar e maltratam o pobre animal dessa maneira.
Pai e filho já estavam se cansando de tudo aquilo e tomam uma decisão inusitada. Colocam o burro em suas costas e carregam-no enquanto prosseguem. Evidentemente, pessoas falam mal:
— Mas que estupidez! Os animais foram feitos para serem montados e não para montar. É cada uma que se vê.
Não havia mais opções. Não tinha mais como esconder das pessoas as coisas que essas julgam e condenam. Foi o jeito apelar à honrosa tranqüilidade… Pai e filho prosseguem andando e puxando o burro, ignorando, finalmente, o que todos tinham a dizer.
Eles chegam à feira, fazem seus negócios e vão embora sentindo um nojo profundo pelas pessoas da civilização. O rapaz prometeu nunca mais voltar; o velho pensou na possibilidade de não sair mais da sua fazenda. Não queria mais sentir aquele desgosto no seu pouco tempo de vida restante… PS.: esse conto é uma adaptação baseada na fábula “O homem, seu filho e o burro” (http://www.metaforas.com.br/infantis/ohomemeoburro.htm) que tem como moral “Quem quer agradar todo mundo no fim não agrada ninguém”. Essa adaptação não tem moral (quem sou eu pra dar uma lição de moral!?), mas apenas exibe um comportamento demasiadamente hipócrita. Com exceção de nós, todos falam mal dos outros.
____________________
— Mas porque não?
— Por que a cidade é um lugar desprezível, onde a humanidade é desumana. Eles vivem pra falar mal dos outros e, quando virem um sujeito coxo como você, farão comentários maldosos, comentários esses que te magoariam.
— Exagero!
— Quem me dera eu estivesse exagerando.
— Façamos o seguinte, então, meu pai. Eu monto no burro quando entrarmos na cidade. Dessa maneira, ninguém verá, nem ao menos falará mal de minha deficiência física.
O fazendeiro gostou da idéia e resolveu levar o rapaz dessa vez. Já estava na hora de ele conhecer o mundo.
Ambos se aprontaram e partiram com o burro carregado de verduras que pretendiam vender na feira. A caminhada foi longa e árdua, mas finalmente se encontraram na porta da cidade. O fazendeiro diz:
— Pronto, filho, chegamos. Suba no lombo do burro para que possamos entrar sem ninguém criticar.
Dito e feito. O rapaz monta no animal enquanto seu pai vai seguindo à frente, com os próprios pés, guiando-o. Enquanto adentravam a urbe, olhares acusadores observavam-nos. Eram dos cidadãos, que comentavam:
— Olha só que absurdo! O rapaz, vendendo saúde, vai em cima do burro enquanto deixa o pobre e fraco velho andando. Quanta impiedade!
Pai e filho param e resolvem inverter suas posições no intuito de cessar os comentários, apesar do que fora combinado antes. O velho sobe nas costas do animal enquanto o rapaz vai andando na frente.
Logo adiante, mais olhares acusadores e mais críticas:
— Me abismo vendo uma coisa dessas. O homem vai na boa em cima do burro e deixa o filho aleijado andando no maior sofrimento.
Os dois param novamente e tentam arquitetar um novo plano de caminhada sem que ninguém fale coisa nenhuma. A solução que encontraram foi a seguinte: ambos montariam no burro e ninguém reclamaria da velhice e da deficiência de pessoa alguma. Parecia um bom plano. Assim fizeram e continuaram o trajeto. Só que o animal mal agüentava uma pessoa, veja lá duas. O pobre burro sofria enquanto carregava pai e filho. Pra variar, pessoas comentavam:
— Olha só pra esses dois preguiçosos sem misericórdia. Não querem nem saber de andar e maltratam o pobre animal dessa maneira.
Pai e filho já estavam se cansando de tudo aquilo e tomam uma decisão inusitada. Colocam o burro em suas costas e carregam-no enquanto prosseguem. Evidentemente, pessoas falam mal:
— Mas que estupidez! Os animais foram feitos para serem montados e não para montar. É cada uma que se vê.
Não havia mais opções. Não tinha mais como esconder das pessoas as coisas que essas julgam e condenam. Foi o jeito apelar à honrosa tranqüilidade… Pai e filho prosseguem andando e puxando o burro, ignorando, finalmente, o que todos tinham a dizer.
Eles chegam à feira, fazem seus negócios e vão embora sentindo um nojo profundo pelas pessoas da civilização. O rapaz prometeu nunca mais voltar; o velho pensou na possibilidade de não sair mais da sua fazenda. Não queria mais sentir aquele desgosto no seu pouco tempo de vida restante… PS.: esse conto é uma adaptação baseada na fábula “O homem, seu filho e o burro” (http://www.metaforas.com.br/infantis/ohomemeoburro.htm) que tem como moral “Quem quer agradar todo mundo no fim não agrada ninguém”. Essa adaptação não tem moral (quem sou eu pra dar uma lição de moral!?), mas apenas exibe um comportamento demasiadamente hipócrita. Com exceção de nós, todos falam mal dos outros.
____________________
Giuliano Marley
sábado, 6 de junho de 2009
Atrofia Cerebral

____________________
Giuliano Marley*
Assinar:
Postagens (Atom)