domingo, 15 de novembro de 2009

Irreflexões (Eternamente Alma de Bronze)

Em uma enorme fazenda, algumas pessoas se reuniram para "reclamar da vida":
— Nossa, gente, não aguento mais trabalhar!Estou morto de cansaço!
— Eu também. Só que com esse salário de fome que recebemos, ainda temos muito mais o que fazer!— Um terceiro homem se aproxima e diz:
— Eu mesmo, pra pagar as contas do mercado tenho que trabalhar um mês e meio...
— Que diabo de vida!
Mais e mais gente se aproxima, até que um dos homens sobe em um pequeno banco e exclama:
— Pessoal, alguma coisa está errada! Trabalhamos feito burros de carga e nada temos! Não podemos ficar aqui parados reclamando! Até podemos, mas não devemos!
— Tem razão!! Vamos fazer...Vamos fazer...Fazer o quê?
— Agente tem que se unir. Se alguém não fizer alguma coisa, morreremos mais miseráveis do que somos agora! Aliás, nossos filhos e netos terão um destino igual ou pior que o nosso!—
Um dos ouvintes na multidão cochicha para o outro:
(— Esse cara fica bancando o tal, mas olha só que roupa imunda ele usa—). Sem se dar conta desse comentário pertinente, o homem continua seu discurso:
— Senhores, separados e alienados do mundo, somos presa fácil para esses exploradores! Isso mesmo, exploradores! Pois quem se aproveita da condição do outro para enriquecer é um explorador! Além disso...— Mais e mais pessoas se juntam aos "cochichadores":
(— E olha aquela barba! Eu não teria nem coragem de sair de casa com uma barba dessas, isto é se eu tivesse uma casa, muito menos discursar pra todo mundo ouvir!)
— Ficar aqui parado, reclamando do nosso "destino" é exatamente o que eles querem! O mundo pode e deve ser mudado! Só por que as coisas são assim não siginifica que tem que ser assim! —
( — Que cara chato! Ele fala cuspindo... hahaha) — Libertemo-nos dessas correntes que nos impedem de...— (— Uuuuuuu! Cala a boca, barbudo!) — Pois na realidade...—(—Sai daí!) eles nos dizem que...— (—Idiotaaa! Ridículoo!! Uuuuuuu! Fora!) — não somos os estúpidos que eles pensam e...(—Fora! Cala a boca!) por que, por que...—
Aos gritos da multidão, o homem se cala, desce do banco e recomeça a trabalhar com sua enxada.

Ainda há esperança?
____________________
Fabiano Che

8 comentários:

Giuliano Marley disse...

O sentido desse texto é igual à raiz quadrada de menos um.

Ana C. Nonato disse...

Isso acontece comigo :/

Começo a falar de mudanças com meus colegas e eles riem, me vaiam, acham graça...

Mas mesmo assim,eu acho que ainda há esperança!

*.* Não podemos desistir.

Parabéns pelo texto! MUITO BOM.

Daniela Eguez disse...

a ideia do texto é muito boa, mas o texto em si ta muito fraco.
Parabens pelo blog, abraços. :)

Giuliano Marley disse...

Concordo plenamente com a Daniela, chawps.

Fabiano Che disse...

Por que o texto está fraco?
Quero críticas objetivas para poder melhorar da próxima vez... Té parece

Nicácio disse...

A impressão que tive é que a história foi usada pra passar uma mensagem da forma mais direta possível, ai é como se fizesse um sexo egoísta com o corpo da história preocupando só com o seu prazer, usando-a simplesmente pra passar uma idéia(gozar).
Tanto que no fim (na gozada) a história é deixada de lado, não mais necessária, permanece só a voz do autor concluindo: Ainda há esperança?

Eu entendi que o texto fala sobre a violência ideológica que faz o oprimido rejeitar a liderança de alguém que reflita a sua condição como descreve o primeiro comentário dos cochichos e foi o motivo que fez o Collor engravatado ganhar do Lula operário. Mas depois a própria figura estereotipada do agitador é rejeitada pelo fato de que uma idéia é uma força perigosa(viva) enquanto a sociedade se opõe a ela, e a tem como inimiga, e isso só acontece enquanto ela é difícil de ser identificada, rotulada, avaliada, selada, carimbada, reprocessada... hehehe

Mas quando a sociedade se apropria e canaliza a sua força através de rótulos "eleitos" pela maioria, e a televisão ajuda bastante nessa parte, a força vai declinando até ser ou rejeitada como ridícula(como aconteceu com o agitador "sem noção" do texto, ) ou é aceita de um modo que não cumpra mais o seu objetivo de afronta original(como o povo tá dizendo que vai acontecer com o Grafite, daqui um dia grafiteiro vai ser funcionário público que zela pela saúde ambiental da cidade).

Giuliano Marley disse...

Fraco do tipo sem noção, não conseguiu passar a idéia.


Mas parece que Nicácio "consertou" a bagaça.

É, bem que disseste, esse cara parece ter um, como se diz, um je ne ses quoi.

Já que estamos na onda do "novos ares AP", talvez, quem sabe, por quaisquer circunstâncias, uma aparição como figurante com falas.

Nicácio disse...

Encontrei essa citação de Milton Santos e achei pertinente ao texto:
"A opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito."